RELAÇÕES SOCIAIS
E ÉTICAS
8º Semestre Pedagogia
Ética e relações sociais entre o existente e o possível
Pedrinho Guareschi
Vivemos uma situação social onde se
constata uma lacuna: a dimensão ética está praticamente ausente das decisões
políticas, culturais e sociais. Há um vazio ético que ameaça corroer a alma
nacional. Os escândalos e as situações constrangedoras em que se vê envolvida
grande parte dos responsáveis pela coordenação nacional, obriga os cientistas
sociais a se voltarem, urgentemente, para a análise e discussão desses problemas
urgentes. O Ser Humano é um sujeito de relações, não como algo pronto, mas como
em contínua construção. Ser humano significa, de fato, tornar-se humano,
conquistar-se. A subjetividade humana é o resultado de milhões de relações.
Recortamos, do universo dos milhares e milhões de relações que estabelecemos,
parcelas específicas, diferenciadas e, com isso, construímos nossa
subjetividade.
Por isso mesmo, somos singulares,
únicos, irrepetíveis, pessoais (pessoa = relação). Somos como que o ancoradouro
de milhões de experiências, naus dispersas num imenso universo que um dia
aportaram em nosso pequeno porto. E na medida em que tomamos consciência do que
fizeram de nós, nos libertamos, pois é a verdade que liberta. E na medida em
que somos conscientes e livres, somos responsáveis.
Esse sujeito humano, singular e
responsável, é também um sujeito ético, individual e social. Somos sujeitos
pessoais, únicos, irrepetíveis e responsáveis por nossos atos; ao mesmo tempo,
e no mesmo nível de profundidade, o sujeito pessoal comporta a dimensão social:
somos biologicamente sociáveis, seres políticos, feitos para a convivência.
Essa a lição de Aristóteles: “Um homem incapaz de integrar-se numa comunidade,
ou que seja autossuficiente a ponto de não ter necessidade de fazê-lo, não é
parte de uma cidade, por ser um animal selvagem ou um deus”.
A ética, portanto, é individual e social ao mesmo tempo. Ninguém é ético para si; somos éticos em relação aos outros e em relação à distribuição e posse dos bens materiais. Essa consideração nos leva um passo adiante: qual o centro da ética? É o próprio Aristóteles que nos diz que a justiça é a virtude central da ética, pois ela comanda os atos de todas as virtudes. Esta forma de justiça não é parte da virtude, mas a virtude inteira e seu contrário, a injustiça, também não é uma parte do vício, mas o vício inteiro.
A ética, portanto, é individual e social ao mesmo tempo. Ninguém é ético para si; somos éticos em relação aos outros e em relação à distribuição e posse dos bens materiais. Essa consideração nos leva um passo adiante: qual o centro da ética? É o próprio Aristóteles que nos diz que a justiça é a virtude central da ética, pois ela comanda os atos de todas as virtudes. Esta forma de justiça não é parte da virtude, mas a virtude inteira e seu contrário, a injustiça, também não é uma parte do vício, mas o vício inteiro.
Ainda: Essa forma de justiça (geral) é,
portanto, uma virtude completa e governa nossas relações com os outros; por
isso, muitas vezes, a justiça é considerada a virtude mais perfeita. É esse
tripé — ser humano, ética, justiça — que está em jogo quando queremos discutir
ética e relações sociais: o ser humano como relação e sujeito da ética, a ética
como ética das relações e relações sociais que sejam justas (justiça). Esse
tripé é, na verdade, inseparável. No momento em que falamos em ser humano, o
entendemos como um ser humano resultado de milhões de relações. Esse ser humano
é sempre pessoal e socialmente ético.
Quando falamos de ética, falamos de ética de relações, pois é somente às relações (conosco, com os outros seres humanos, com a natureza) que se pode aplicar o adjetivo ético; um ser humano é ético por que as relações que ele estabelece são éticas. Não existe, é incompreensível o puro indivíduo, isolado e separado de tudo.
Nós nos fazemos e nos constituímos através de relações, e a essas relações se atribui especificamente o adjetivo ético. Alguém é ético ou antiético se age bem ou mal em relação a algo ou a alguém.
Quando falamos de ética, falamos de ética de relações, pois é somente às relações (conosco, com os outros seres humanos, com a natureza) que se pode aplicar o adjetivo ético; um ser humano é ético por que as relações que ele estabelece são éticas. Não existe, é incompreensível o puro indivíduo, isolado e separado de tudo.
Nós nos fazemos e nos constituímos através de relações, e a essas relações se atribui especificamente o adjetivo ético. Alguém é ético ou antiético se age bem ou mal em relação a algo ou a alguém.
O passo mais difícil, e mais obscurecido e
negado é a ligação entre ética e justiça. Há um elo necessário, inseparável, entre
essas duas realidades. Começa pelo fato de que justiça é uma relação. Ninguém é
justo sozinho. Somos justos quando estabelecemos e quando passam a existir
relações justas, igualitárias, entre dois seres. A ideia de que existe alguém
que pode ser justo sozinho é uma fantasia do individualismo, fundamentada na
ideologização liberal de um ser humano separado de todo o resto, absoluto (que
para Aristóteles é ou um animal, ou um deus).
A justiça tem a ver, pois, com relações.
Justiça é um princípio fundador, fundamentado em duas premissas: 1. Cada pessoa
deve ter direito ao sistema total mais amplo de liberdades iguais básicas
compatível com um sistema similar de liberdade para todos. 2. As desigualdades
sociais e econômicas devem ser estruturadas de tal modo que sejam, ao mesmo
tempo, para o máximo proveito dos menos favorecidos, nos limites de um justo
princípio de poupança, e ligadas a cargos e posições acessíveis a todos, sob
condições de uma justa igualdade de oportunidade. O primeiro é o princípio da
liberdade; o segundo é o da diferença.
É importante distinguir a diferença entre
Ética e Moral. Em psicologia são ciências afins. Mas, é possível distingue seis
estágios de desenvolvimento moral, dentro de três níveis:
1. No nível pré-condicional, a criança é primariamente influenciada pelas consequências do que ela faz. Há dois graus: a criança obedece porque os adultos são poderosos e podem castigar os que se comportam mal (primeiro estágio), ou a criança tenta obter satisfação de necessidades de tal modo que ela consiga recompensas (segundo estágio).
2. No nível convencional, uma criança mais crescida torna-se consciente e interessada no que esperam dela e tenta comportar-se de maneira tal que possa ir ao encontro dessas expectativas. Temos aqui mais dois estágios: há um desejo de ser um bom menino ou menina, de modo que os outros possam aprovar nossa conduta (terceiro estágio), e há o desenvolvimento da noção de se cumprir com a obrigação, respeitar a autoridade e preservar a ordem social, pois tais coisas são tidas como certas e corretas (quarto estágio).
3. No nível pós-convencional, à medida que a pessoa amadurece, orienta-se para valores morais abstratos e para o que ela pessoalmente achar correto. Os dois últimos estágios são: a pessoa começa a pensar sobre os direitos dos outros, o bem comum e as leis adotadas pela maioria (quinto estágio), e os padrões de justiça escolhidos pela pessoa e sua própria consciência têm mais influência no seu comportamento do que as regras e leis existentes na sociedade (sexto estágio).
1. No nível pré-condicional, a criança é primariamente influenciada pelas consequências do que ela faz. Há dois graus: a criança obedece porque os adultos são poderosos e podem castigar os que se comportam mal (primeiro estágio), ou a criança tenta obter satisfação de necessidades de tal modo que ela consiga recompensas (segundo estágio).
2. No nível convencional, uma criança mais crescida torna-se consciente e interessada no que esperam dela e tenta comportar-se de maneira tal que possa ir ao encontro dessas expectativas. Temos aqui mais dois estágios: há um desejo de ser um bom menino ou menina, de modo que os outros possam aprovar nossa conduta (terceiro estágio), e há o desenvolvimento da noção de se cumprir com a obrigação, respeitar a autoridade e preservar a ordem social, pois tais coisas são tidas como certas e corretas (quarto estágio).
3. No nível pós-convencional, à medida que a pessoa amadurece, orienta-se para valores morais abstratos e para o que ela pessoalmente achar correto. Os dois últimos estágios são: a pessoa começa a pensar sobre os direitos dos outros, o bem comum e as leis adotadas pela maioria (quinto estágio), e os padrões de justiça escolhidos pela pessoa e sua própria consciência têm mais influência no seu comportamento do que as regras e leis existentes na sociedade (sexto estágio).
Como se vê na análise desses três
níveis, o desenvolvimento moral começa com um egocentrismo fechado (anomia),
passando por uma identificação ético-psicológica com a sociedade, aceitando-se
acriticamente os critérios éticos estabelecidos (heteronomia e socionomia), até
chegar a uma motivação ética baseada nos princípios de justiça que permitem
julgar a própria sociedade (autonomia).
Nesse desenvolvimento podemos visualizar
a passagem de um comportamento moral, para um comportamento ético. A moral se
coloca principalmente na heteronomia e socionomia, onde os determinantes são
ainda externos.
A regra básica da justiça é a igualdade
distributiva: tratar cada homem de modo igual. A justiça permanece, pois, como
sendo o centro de toda fundamentação ética. A justiça se entende, pois, desde
os que sofrem injustiça, pois sendo a justiça uma relação que tem a ver com
igualdade, respeito, direitos iguais etc. é normalmente e naturalmente a partir
dos que estão privados e faltantes desses bens e direitos que se pode começar a
pensar em restabelecimento dessas lacunas.
Seria + justo dizer que o princípio de
justiça implica a perspectiva dos que estão em desvantagem. A justiça pertence
à esfera ética enquanto princípio de opção, mas também à esfera metaética
enquanto implica um ‘para onde’ de uma cosmovisão. Há uma distinção entre ética
e moral, ou moralidade. Moral, ou moralidade, indicam o sistema ou a ordem
estabelecidos no poder. Já ético, ou eticidade, se referem à ordem futura, à
transformação das estruturas vigentes, e à libertação de toda estrutura de
injustiça. Nesse sentido, o moral, isto é, a ordem estabelecida, muitas vezes
não é ético, e vice-versa. Haveria algum critério que nos pudesse orientar num
sentido de termos mais garantia e segurança de que na realidade estamos no
caminho da ética, e não apenas reproduzindo uma moralidade existente na
sociedade?
No Documento “Exigências Éticas da Ordem
Democrática” da CNBB, há uma afirmação que pode colaborar na tentativa de
responder a esta questão: A existência de milhões de empobrecidos é a negação
radical da ordem democrática. A situação em que vivem os pobres é critério para
medir a bondade, a justiça, a moralidade, enfim, a efetivação da ordem
democrática. Os pobres são juízes da vida democrática de uma nação.
Se concordarmos que democracia signifique algo moral e ético, na medida em que esses pobres sejam os juízes da verdadeira democracia, serão também os juízes da ordem ética. A existência de pobres negaria a ética.
Os excluídos seriam os juízes da existência ou suas presenças seria a negação de relações sociais éticas na vida sociopolítica e econômica de uma sociedade.
Se concordarmos que democracia signifique algo moral e ético, na medida em que esses pobres sejam os juízes da verdadeira democracia, serão também os juízes da ordem ética. A existência de pobres negaria a ética.
Os excluídos seriam os juízes da existência ou suas presenças seria a negação de relações sociais éticas na vida sociopolítica e econômica de uma sociedade.
Nos seres humanos estamos cada vez mais nos tornando vitimas do poder e da politica,mas apesar de tudo o ser humano foi feito para ser moldado a cada dia,através de nossas vivencias é que vamos nos moldando,apesar de sermos seres únicos e totalmente responsáveis pelos nossos atos,mas também somos éticos individuais e sociais ,ja que fomos feitos para estarmos com outras pessoas,portanto devemos ser éticos com os outros.Já a justiça não pode ser feita de maneira individual,com apenas um individuo mas com todos que se agregam.
ResponderExcluirNos seres humanos estamos cada vez mais nos tornando vitimas do poder e da politica,mas apesar de tudo o ser humano foi feito para ser moldado a cada dia,através de nossas vivencias é que vamos nos moldando,apesar de sermos seres únicos e totalmente responsáveis pelos nossos atos,mas também somos éticos individuais e sociais ,ja que fomos feitos para estarmos com outras pessoas,portanto devemos ser éticos com os outros.Já a justiça não pode ser feita de maneira individual,com apenas um individuo mas com todos que se agregam.
ResponderExcluirOs seres humanos estão cada vez mais reféns e vitimas da politica e do poder,mas apesar de tudo o ser humano foi feito para ser moldado durante a sua vida seja com vivencias ou experiencias vividas no dia dia ou durante sua vida,somos únicos e responsáveis pelos nossos atos,mas também fomos feitos para convivermos como outras pessoas ,portanto devemos ser éticos com nos mesmos e principalmente com os outros.Já i justiça deve favorecer a todos e não apenas um individuo na sociedade,mas todos que se agragam.
ResponderExcluirAline Soares
ResponderExcluirRelações Sociais e Ética
Com a leitura desse texto percebemos que a ética tem se tronado ausente em muitos lugares, como por exemplo, em lugares sociais, culturais e políticos. Aliás política e ética não tem cabido na mesma frase ultimamente. O que é extremante vergonhoso, pois se o ser humano é um ser único e singular e deveria ser mais responsável honrando primeiramente seu campo ético.
Como podemos ver, na ética deve prevalecer a justiça, e no Brasil, percebemos que o exemplo que deveria vir lá de cima já se deixa a desejar, onde colocam em papéis que a justiça deve prevalecer e na prática fingem não ver a realidade. Como podem falar de justiça havendo tantos pobres sofrendo com tamanha desigualdade? Se o ser humano, ética e justiça devem andar juntas, o que está acontecendo com a humanidade?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNas relações sociais e a ética no campo do direito exige que os sujeitos respeitem as individualidades de cada homem, para um saudável convívio social. Não se trata de identificar o bom ou ruim, mas proporcionar um pensamento ético nas condutas humanas.
ResponderExcluirParabéns a vocês que estão postando interagindo com a nossa disciplina...
ResponderExcluirO texto relata a questão da ética na sociedade,abordando-a diretamente com as relações sociais de cada individuo,desde a infância,onde passamos a ter o conhecimento e aprendizado sobre os conceitos de ética,é na infância que começamos a formar nosso caráter e passamos a descobrir o que realmente é a ética. Como o autor cita ao longo do texto precisamos ser éticos com nós mesmos e principalmente com o outro, com o meio em que vivemos,pois a ética dignifica o homem, tornando-o um ser humano capaz de compreender o outro, e assim buscando um melhor convívio com toda sociedade.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQuando se fala de ética, e a ética de relações, relações conosco, com os outros seres humanos. E através dessas relações que definem se alguém é ético ou não. A ética é individual. A ética começa quando somos justos, quando tratamos cada um de modo igual. Percebemos que atualmente a ética está se tornando cada vez mais ausente nas decisões políticas, culturais e sociais. O mundo seria um lugar melhor se as pessoas fossem éticas, fossem justas e tratassem todos com respeito e igualdade.
ResponderExcluirPode-se considerar que a ética engloba determinados tipos de comportamentos, sejam eles considerados corretos ou incorretos; já a moral estabelece as regras que permitem determinar se o comportamento é correto ou não.
ResponderExcluirSe considerarmos o sentido prático, a finalidade da ética e da moral é bastante semelhante, pois ambas são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta do homem, determinando o seu caráter e a sua forma de se comportar em determinada sociedade.
Esse texto relata a questão da ética que esta praticamente cada vez mais ausente nas decisões políticas culturais e sociais.A população deve ter conciência que o ser humano está como sujeito de relação não como algo pronto mas em continua construção. Silvana Lucas de Lima Jacinto
ResponderExcluirO texto relata sobre como é visto a ética dentro da sociedade, pois os seres humano é um sujeitos de relações, estabelecem comportamentos diferenciados, por isso que a ética tem está presente para existir a igualdade, respeito e direitos iguais para todos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA Ética tem a ver como nos relacionamos, dentro do nosso espaço de trabalho, em relação a nossa conduta em relação aos outros. Acho que tem mais a ver com o código civil regras de conduta tem a ver com o comportamento do ser humano perante, esses espaços públicos! Falar de ética com os alunos, mas de viver as situações, os problemas presentes na escola e na comunidade, as aulas de todas as disciplinas a partir de princípios éticos da vida em sociedade. Não adianta fazer discurso sobre as regras gerais de convivência na escola quando a norma é o tratamento desrespeitoso entre as pessoas, assim como não adianta saber como funciona a cadeia produtiva do papel se existe uma prática generalizada de desperdício nas salas de aula. É preciso buscar uma certa coerência entre a teoria, os princípios que se prega e a prática diária.
ResponderExcluirÉtica e relações sociais caminhão juntas, precisas ser parceiros uns dos outros, e usar a ética sempre que necessário.
ResponderExcluirDizer que ética é relação, ou dizer que ética só se pode aplicar às relações, é afirmar que ninguém pode se arvorar o predicativo de “ético” a partir de si mesmo, como quer, exatamente, o liberalismo. A justiça se entende, pois, desde os que sofrem injustiça, pois sendo a justiça uma relação que tem a ver com igualdade, respeito, direitos iguais etc, são normalmente e naturalmente a partir dos que estão privados e faltantes desses bens e direitos que se pode começar a pensar em restabelecimento dessas lacunas.
ResponderExcluirO texto relata que a ética e a relação social tem que caminhar sempre juntas, pois quando exite o respeito, companheirismo e a dedicação de todos, o resultado de um bom trabalho flui melhor.
ResponderExcluirÉtica tem tudo haver na sociedade em que vivemos e ao modo que nos relacionamos em nosso meio.
ResponderExcluirA Ética aborda nossas relações sociais, nossa maneira de agir, de nos comunicar com as pessoas que fazem parte da comunidade na qual estamos integradas.
ResponderExcluirDentro do espaço escolar, ela deve ser vista e aplicada com princípios e coerência, sendo importante a elaboração de práticas pedagógicas que se embasem dentro dos valores e papéis sociais.
O texto faz menção de como a Ética é abordada dentro da sociedade, definindo caráter, igualdade e respeito.
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